Há tempo, algo como uns 15 anos, eu via na televisão, não lembro em que programa, um psicanalista meio velhusco, com uma voz chatérrima, que, ao meu ver, falava umas coisas absurdas. A bem da verdade, até hoje não entendi porque eu assistia este bendito dar suas opiniões.
Mas ok. Eu via, e agora não tem como explicar. Na época meu filho era um bebê, e como todo bebê, às vezes chorava. E eu sempre procurava verificar o que estava acontecendo. Se não descobrisse o que estava acontecendo, eu o pegava no colo, e procurava acalmá-lo no embalo, aquele vai-e-vem que tranquiliza o mais intranquilo dos seres.
Pois aquele senhor que mencionei acima, sempre, sempre mesmo que se referia a choro de bebê, dizia que não se devia correr prá ver o que o bebê queria/sentia, e nunca, jamais, pegá-lo no colo. Como se, por pegá-lo no colo, os pais fossem desviá-lo de boas condutas no futuro. Eu odiava quando ele falava isso. Prá que deixar uma criança chorar, meu Deus? Maldade.
Pois bem, alguns dias atrás eu o vi na televisão admitindo que errou. Que o colo é um dos maiores fatores de aproximação entre pais e filhos, e outras coisitas mais. Daí me questionei: e como ficaram aquelas crianças cujos pais, por inexperiência, por confiança nele, ou seja lá porque, acreditaram na sumidade que lhes dizia aquelas barbaridades? Segundo ele, hoje, observando crianças cujos pais ele aconselhava, percebeu que as crianças são tristes, envergonhadas, sem iniciativa etc. Ele pediu desculpas. Simples assim.
Lembrei deste caso pois hoje, num programa matutino na televisão, vi um pediatra falar que todo choro tem um porque, triste, doído, alegre ou de manha. E disse mais, que é mais fácil para os pais saberem o que um filho tem pelo simples interpretar do choro, e que, maioria das vezes, o “diagnóstico”dos pais é o que o médico constata depois, quando se trata de saúde.
Resumindo, acho que profissionais, de todas as áreas, deveriam ouvir mais o que pais e mães falam sobre seus filhos. E não simplesmente aplicar a teoria que aprenderam, pois a teoria muitas vezes não bate com a realidade.
Aliás, neste quesito, sempre tive sorte. Todos os pediatras pelos quais meus filhos passaram, pensavam como eu. E sempre aprovaram o colinho, o chazinho, o beijo e o abraço.
E assim foi.